A par da primeira menstruação e da gravidez, a menopausa é um momento definidor no processo biológico feminino. Se a primeira marca a preparação do corpo da mulher para a gravidez e a segunda o culminar dessa preparação, a menopausa fecha o ciclo reprodutivo com o fim permanente dos períodos menstruais.
O que é a menopausa?
Como referimos, a menopausa é o fim do ciclo reprodutivo da mulher, mas esta só será assim diagnosticada se se verificar a ausência de menstruação (amenorreia) durante 12 meses consecutivos (peri-menopausa).
A menopausa ocorre como resultado da falência da atividade endócrina dos ovários, sobretudo da sua incapacidade de produzir estrogénios assinalando, assim, o fim da fertilidade da mulher.
Em Portugal, na maioria das mulheres a menopausa ocorre entre os 45 e os 55 anos, sendo a idade média de 51 anos. Pode, porém, dar-se o caso de se verificar uma menopausa precoce (ocorre antes do 45 anos) ou insuficiência ovárica prematura (ocorre antes dos 40 anos).
Isto deve-se a fatores como alterações genéticas, doenças auto-imunes, infeções, cirurgias, quimioterapia, radioterapia, exposição a produtos químicos ou o tabagismo (mulheres fumadoras tendem a iniciar a menopausa cerca de dois anos mais cedo).
O impacto da menopausa varia de mulher para mulher. A transição para a menopausa implica mudanças nos níveis das hormonas estrogénio e progesterona que, para além dos sintomas mais ou menos sistemáticos que vos deixaremos a seguir, aumentam o risco de doenças cardiovasculares, osteoporose, incontinência e infeções urinárias.
- Menstruações irregulares;
- Secura vaginal;
- Menstruações irregulares;
- Secura vaginal;
- Afrontamentos (sensação súbita de calor) e suores nocturnos;
- Insónias;
- Irritabilidade e alterações de humor;
- Aumento de peso;
- Depressão;
- Cansaço;
- Lapsos de memória;
- Queda de cabelo;
- Secura da pele.
O diagnóstico da menopausa é feito sem ser obrigatória a realização de exames complementares (análises). No entanto, a avaliação analítica permite detetar os níveis hormonais, o que dá consistência ao diagnóstico de menopausa.
O estudo analítico permite o doseamento hormonal que se torna característico nesta situação (FSH > 25 UI/L e estradiol < 20 pg/ml) devendo, no entanto, ser sempre excluída a presença de fatores de interferência (por exemplo, a toma da pílula). Nos casos de suspeita de menopausa precoce ou de insuficiência ovárica prematura deve haver confirmação analítica em duas ocasiões, com intervalo de 4 a 6 semanas (FSH > 40 UI/L).
Formas de amenizar os efeitos da menopausa sobre o corpo
Entre dicas mais complexas que requerem uma avaliação clinica e outras mais simples como a prática de atividades estimulantes do ponto de vista físico e intelectual, de seguida apresentamos-lhe algumas formas de amenizar os sintomas decorrentes da menopausa sobre o seu corpo:
Utilização de fármacos
De modo a aliviar os sintomas ligados à menopausa, a mulher pode recorrer a terapêuticas, hormonais ou não, que podem ser administrados por via oral (comprimidos), transdérmica (selo ou adesivo), percutânea ou local (vulvovaginal).
A terapêutica hormonal é a mais eficaz no alívio dos sintomas vasomotores e de atrofia vulvovaginal (associada à dor nas relações sexuais), sendo isto mais evidente quando iniciada antes dos 60 anos ou até 10 anos após a menopausa. Este tipo de terapêutica diminui o risco de fraturas ósseas e melhora o perfil de risco cardiovascular (se iniciada na menopausa recente).
Quando se tratam de mulheres com menopausa precoce, mais propensas a doenças cardiovasculares e de osteoporose, este tratamento pode diminuir os sintomas e melhorar alguns fatores de risco, estando indicada pelo menos até à idade média da menopausa (51 anos). Os estrogénios aplicados localmente na vulva e vagina revertem a atrofia e os sintomas associados, melhoram os sintomas de incontinência urinária e diminuem a ocorrência de infeções.
A terapêutica hormonal pretende repor os níveis hormonais de estrogénios que se encontram residuais na menopausa, mas só deve ser levado a cabo depois de realizada avaliações clínicas e físicas, de forma a identificar os sintomas, os fatores de risco e as contraindicações.
Esta terapêutica inclui fármaco com estrogénios, progestativos e estroprogestativas (combinação de ambos). Podem ser administrados por via oral (comprimidos), transdérmica (selo ou adesivo), sistema intrauterino, percutânea (gel) ou vaginal.
No caso de terapêuticas não hormonais, indicada para mulheres que não possam ou não queiram realizar tratamentos com hormonas, estas incluem medicamentos como antidepressivos, fitoestrogénios, extrato de pólen ou suplementos vitamínicos.
Para o alívio da atrofia vulvovaginal existem várias formulações hidratantes, lubrificantes (úteis nas relações sexuais) e cremes hidratantes, que são aplicados localmente, com uma frequência ajustada à intensidade dos sintomas.
Evite produtos que promovam a secura e irritação vaginal
Neste momento da vida da mulher, a mucosa da vagina e a pele da vulva têm uma menor espessura (mais fina), estando recomendados cuidados de higiene íntima, no máximo, duas vezes por dia com produtos de pH próximo do fisiológico de forma a evitar o aumento da secura vaginal.
O penso higiénico deve ser evitado pois propícia a irritação da pele da vulva e infeções genitais.
Evite bebidas alcoólicas, perca peso e vista-se por camadas
A ingestão de bebidas alcoólicas, com cafeína, alimentos picantes, stress ou ambientes muito quentes, são alguns dos fatores que potenciam os afrontamentos e devem ser evitados.
Perder peso, respirar lenta e profundamente ou vestir-se por camadas retirando uma peça quando começar a sentir um afrontamento, são algumas das formas de como lidar com esta perturbação.
Coloque uma ventoinha em casa e no local de trabalho.
Pratique exercício físico
O exercício físico (provoca a produção de endorfinas, substâncias que provocam uma sensação de bem-estar) não serve apenas para que perda peso, como ajuda-a a combater as noites mal dormidas, as alterações de humor e memória.
Sermos fisicamente ativos ajuda-nos a adormecer mais facilmente. Mas não deve praticar exercício físico à noite ou é provável que não tenha sono quando se for deitar. Caso não consiga adormecer, deve levantar-se e ir até à sala, ler um pouco e regressar à cama apenas quando tiver sono.
Utilize um lubrificante vaginal nas suas relações sexuais
A secura vaginal que pode vir acoplada à menopausa traz algum desconforto à mulher durante o ato sexual. Para que se sinta mais confortável, pondere utilizar um lubrificante vaginal.
Pratique atividades que ajudem a estimular a memória e a concentração
Palavras cruzadas, sopas de letras ou puzzles são algumas das atividades recomendadas. Se a falta de memória começar a interferir nas suas atividades diárias, é aconselhável conversar com o seu médico assistente.